E acordaram o povo novamente...
O ano era 1984 e o Brasil ainda vivia sob a sombra da
ditadura. Uma emenda que propunha eleições diretas para presidente tramitava no
congresso e o povo se fez ouvir.
Foram vários meses de manifestações e comícios por todas as
partes do País. A mídia que relutava em dar visibilidade No fim a emenda não
foi aprovada, mas o povo deixou sua marca e a mobilização das Diretas Já nunca
mais foi esquecida.
Em 1992 o país vivia uma fase crítica, a inflação corroía o
salario das pessoas e o presidente se enrolava em meio a vários escândalos de corrupção. Durante uma
audiência com taxistas resolveu falar e conclamar o povo a vestir as cores do
Brasil em apoio ao seu governo. Acordou no dia seguinte com o Brasil de preto
em luto pedindo sua saída.
Os jovens mais uma vez tomaram as ruas e de negro e cara
pintada nas cores nacionais deixaram sua marca.
Esse ano o Brasil está novamente em dificuldades. Desde o
ano passado o crescimento já não é mais o mesmo e a inflação mais uma vez
assusta o povo que tenta de todas as maneiras sobreviver ao Dragão que parece
novamente acordado.
O governo com o objetivo de conter a alta nos preços pediu
aos governos das principais cidades do País que protelassem pelo menos até o
meio do ano o tradicional aumento das tarifas do transporte público.
Os primeiros sinais de insatisfação popular aconteceram em
Porto Alegre. Lá, os estudantes tomaram as ruas durante dias e pressionaram o
governo para baixar a tarifa dos ônibus municipais.
Conseguiram vitória.
A história se repetiu em Florianópolis, a população foi à
rua com estudantes em sua maioria, protestou e as tarifas foram reduzidas.
Mais uma vitória
Foi assim também em Goiânia e em Teresina
Na semana passada, o povo de São Paulo se cansou. O aumento
das passagens para R$ 3,20 parece ter sido a gota d’agua para a população que
tomou a avenida paulista em protesto contra o aumento.
Foram cerca de duas mil pessoas na primeira manifestação marcada
pela depredação de ônibus, bancos e estações de metrô.
Na última quinta-feira no quarto dia de protestos mais de cinco mil pessoas se reuniram em frente ao
Theatro Municipal para mais uma vez protestarem pacificamente destas vez, é bom
que se diga.
O governo Estadual e Municipal por sua vez mobilizou uma
tropa de 900 homens para conter o protesto.
A manifestação seguia apenas com pequenos entreveros até
chegar às proximidades da Avenida Paulista.
Aí a policia paulista mostrou que veio para reprimir e pôs
para fora toda a sua vocação contraída nos tempos obscuros da ditadura.
Não vou entrar no mérito de quem começou o confronto, mas é
certo que PM cometeu arbitrariedades. Ficou claro também que o Estado tem
interesse em abafar as manifestações que estão ocorrendo.
É certo, no entanto que as manifestações dificilmente vão
parar o que é um alento em tempos onde o povo não se manifesta aconteça o que
acontecer.
No último protesto já foram vistos cartazes contra a
corrupção e a falta de segurança, por exemplo.
A mídia por sua vez ainda tenta mascarar e criminalizar as
manifestações. As informações oficiais falam em cinco mil pessoas presentes no
último protesto. Informações de pessoas que estavam presentes dão conta de que
mais de 15 mil saíram às ruas.
As ações dão esperança de que as manifestações não vão ficar
apenas no aumento das passagens. Elas vão se estender por todas as áreas onde
houver insatisfação popular.
Demorou mas parece que finalmente o povo acordou novamente.
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